Resenha de Livros: Laranja mecânica – Anthony Burgess

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Aleph – 2004 – Ficção inglesa – 200 páginas – Nota 4♥♥♥♥.

Bom dia, leitores.

Motivo da compra: Um dos clássicos da literatura, aclamado pela crítica, eu não precisaria nem explicar porque tive que comprá-lo. Este é um daqueles livros que esperemos que mude nossas vidas depois da leitura. Aproveitei que a 2° edição foi lançada com três reimpressões dessa vez para comprar e consegui no último lote, a 1° tendo sido lançada em 2004 pela Aleph, porém o livro foi publicado no Brasil pela primeira vez em 1970 pela editora.

Capa: Amei a capa em formato de cérebro na cor laranja e a fonte da letra do título bem diferente. Existe uma outra capa, a anterior com o desenho de uma garrafa na cor branca, mas irei puxar o saco do meu exemplar e dizer que esta é mais bonita, o que de fato acho que seja mesmo.

Formato do livro: Livro de formato pequeno no quesito altura e largura e volume pequeno de páginas tornariam a leitura rápida, apesar das margens pequenas e letras médias.

Escrita: Porém por não conter praticamente nenhum diálogo, apenas uma narrativa do personagem principal em primeira pessoa em forma de pensamento, a leitura demorou três dias.

História: Alex, um rapaz de quinze anos, narra sua história de perversidade e violência, sendo de uma gangue, onde ele se considera o líder, com mais três rapazes que se divertem cometem atrocidades com os moradores da cidade onde vivem, gratuitamente. Falam um idioma inventado, chamado nadsat que mistura inglês, gírias e russo. O grau de crueldade é tamanho que fica difícil entender os personagens. Difícil mesmo é quando um protagonista não desperta nenhum grau de empatia no leitor. Lendo as maldades você mergulha na história. O livro é dividido em três partes, sendo esta a primeira, mostrando sua rotina em faltar à escola, em tratar mal os pais e fazer arruaça à noite. A segunda é quando Alex, após mais um ato de violência praticada juntamente com seus amigos arrombando a casa e espancando um vizinho é traído por Tosko, que se sente ridicularizado por Alex por este querer ser o líder e humilhar os demais, sendo preso em flagrante e condenado a vários anos de detenção. Conta sua rotina na prisão até que surge um tratamento experimental que ele aceita fazer, querendo ser livre de novo, que se propõe a reeducar o cérebro de tal forma do individuo que o tornará uma máquina, sem discernimento, poder de escolha ou livre arbítrio. A terceira parte da história mostra Alex voltando para as ruas, totalmente atônito e descobrindo como o mundo está perverso e sofrendo nas mãos daqueles que ele já foi o algoz. O livro é profundo ao ponto de eu só conseguir pensar que viver em um mundo como aquele seria trágico demais, insuportável eu diria. E neste ponto eu já sentia compaixão por Alex e desejava o melhor para ele. Os dialetos, após total estranheza no começo do livro, tornam-se fáceis de entender e eu já não precisava recorrer ao glossário. E sobre o final, surpreendente e bom a meu ver.

Personagens: Os secundários não “seguram” a história e são descritos de forma rasa e sem interesse algum por parte de Alex, que é quem conta a história, tornando-o o único elemento importante da narrativa como de fato ele se acha ser. De algum destaque, posso citar Tosko que após uma forte amizade com Alex, o trai e muda de vida. Pete e George, seus amigos também não tem grande relevância, assim como a mãe e o pai de Alex, totalmente passíveis e amedrontados com o próprio filho.

Observações: O livro aborda os complexos temas como liberdade, justiça, vingança, papel da polícia e do Estado, papel do indivíduo e as linhas tênues que separam tudo isso. Nessa época de ódio e desejo de sangue que vivemos, acho que nos faz refletir bastante. O filme eu ainda não tive a oportunidade de assistir, mas irei resolver isso em breve, pois já tenho o vídeo disponível. Ansiosa para comprar agora ‘Admirável Mundo Novo’ e ‘Fahrenheit 451’. 

Recomendo? Sim, claro, impossível dizer que não. Genial, mas ainda preferi “1984” no quesito ficção científica. Já no quesito verossimilhança, este ganha por ser mais convincente e real aos olhos do leitor. Como se fosse mais fácil de algo assim acontecer do que a história do outro livro (um regime totalitário no mundo abordado como comunismo).

Sinopse oficial: Laranja Mecânica (A Clockwork Orange) é um romance distópico de Anthony Burgess publicado em 1962. Situado na sociedade inglesa de um futuro próximo, que tem uma cultura de extrema violência juvenil, onde um anti-herói adolescente dá uma narração em primeira pessoa sobre suas façanhas violentas e suas experiências com autoridades estaduais que possuem a intenção de reformá-lo. É parcialmente escrito em uma gíria influenciada pelo russo e inglês, chamada “Nadsat”. É uma sátira à sociedade inglesa. O romance foi inspirado em um fato real ocorrido em 1944: o estupro, por quatro soldados estadunidenses, da primeira mulher do autor, Lynne. A leitura é difícil, pois Burgess inventou uma linguagem em gírias para ser falada por adolescentes. A linguagem causa estranhamento nos leitores e os termos eslavos e palavras rimadas exigem dedução para o entendimento. A maioria das edições do romance é acompanhada de um glossário. Narrada pelo protagonista, o adolescente Alex, esta brilhante e perturbadora história cria uma sociedade futurista em que a violência atinge proporções gigantescas e provoca uma reposta igualmente agressiva de um governo totalitário. A estranha linguagem utilizada por Alex – soberbamente engendrada pelo autor – empresta uma dimensão quase lírica ao texto. Ao lado de ‘1984’, de George Orwell, e ‘Admirável Mundo Novo’, de Aldous Huxley, ‘Laranja Mecânica’ é um dos ícones literários da alienação pós-industrial que caracterizou o século XX. Adaptado com maestria para o cinema em 1972 por Stanley Kubrick é uma obra marcante: depois da sua leitura, você jamais será o mesmo. Agora em nova tradução brasileira.

Beijos e até logo.

2 comentários sobre “Resenha de Livros: Laranja mecânica – Anthony Burgess

  1. Oies Adriana! Eu li esse livro no começo do ano e achei o vocabulário bem diferente, eu tbm teno essa edição e ao final tem o glossário, mas como a leitura não estava fluindo esquecia o significado das palavras e tinha que ficar voltando para as páginas finais a todo momento. Apesar disso gostei muito do livro, o filme tbm é muito bom, apesar das pequenas diferenças 😉 Bjos ❤

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